Em 1974, uma guerra colonial injusta, que durante anos ceifou milhares de vidas de inocentes de portugueses e africanos, aprofundava irremediavelmente a crise em que apodrecia o velho regime fascista.
Há 40 anos, em 25 de Abril, o golpe militar dos capitães fez ruir o regime e, por essa brecha, irrompeu um amplo movimento popular revolucionário que transformou radicalmente o nosso País.
Em 1974 e 1975, o Processo Revolucionário em Curso, o PREC venceu resistências, fez ruir os pilares do regime, arrancou conquistas sociais e políticas que (apesar de tudo) ainda hoje perduram, abriu caminhos de futuro, apontando à modernidade.
Aos historiadores cabe a tarefa de escrever a história do 25 de Abril e contar as suas histórias. Aos cidadãos e às cidadãs cabe defender as suas conquistas, aprofundar os seus ideais e, mais importante do que parece, não deixar apagar a memória.
A todos, cabe-nos manter vivo o ideal democrático, no sentido mais avançado das suas conquistas.
Aliás, o povo português mostrou nas ruas saber que democracia tem a ver com a vida, mais do que com palavras.
Democracia com permanente atenção aos mais fracos, aos desempregados (em numero crescente no nosso concelho), aos trabalhadores precários, sem salário certo, sem direitos e sem futuro; aos mais excluídos do desenvolvimento desigual para que os do costume, à vez, vêm há anos a arrastar o nosso País.
Democracia com cidadãos informados, democracia com rigor, com visão de futuro e com transparência, preservando acima de tudo o interesse público em detrimento dos interesses privados.
Casos em que frequentemente se favorecem grupos económicos ou cidadãos em que por artes mágicas os processos prescrevem lesam o estado, o país, os cidadãos em muitos milhões de euros não é o Abril que desejamos.
O 25 de Abril, libertando-nos de uma ditadura, permitiu-nos estabelecer relações com todos os países e povos do Mundo, em pé de igualdade.
As relações seculares com os povos das ex-colónias, outrora marcadas pelo colonialismo, podem hoje desenvolver-se fraternalmente, na base do respeito mútuo. E nem o facto de, nalguns casos, ao colonialismo português se terem sucedido cliques corruptas e rapaces autorizam qualquer visão saudosista sobre um passado muito negro de opressão e exploração coloniais.
Hoje, a democracia e a cidadania conquistadas em 25 de Abril tem de alargar-se à União Europeia, um novo espaço em que se decide o nosso futuro com povo e como país, um espaço em profunda crise económica, social e política, em resultado do liberalismo imposto em nome da ditadura do mercado.
Democracia á escala europeia quer dizer uma refundação democrática em que, também na Europa, seja o povo quem mais ordena e não o mercado. Nos diplomas fundacionais da nova Europa terá de ser incorporado o que demais avançado existe em cada país, consagrado numa Constituição democraticamente discutida e aprovada.
Termino com uma saudação, justa e devida, aos militares do 25 de Abril.
Tiveram a visão de um país livre e mais justo; livre da guerra colonial. E tiveram a coragem de pegar em armas por ele. Aqui está uma vibrante lição cidadania que a nossa história registará e um exemplo a que nós prestamos um sentido tributo
“Não é verdade que as pessoas param de perseguir os sonhos porque estão a ficar velhas, elas estão a ficar velhas porque pararam de perseguir os sonhos” – Gabriel Garcias Márquez
Viva o 25 de Abril!
Viva o 1º de Maio
O Grupo Municipal do Bloco de Esquerda
Montijo, 28 de Abril de 2014